A dança (Pablo Neruda)

                                                                 (para Sônia)

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo;
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és.
Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Foto: rosa do Paraíso, 26/06/22.

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