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Mostrando postagens de 2023

Saudade de um abraço

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Nunca encontrei um sentido para a morte que verdadeiramente a justificasse e provocasse em mim o justo apaziguamento da aflição gerada na alma nesses momentos. Talvez, apenas talvez, uma única resposta seria o fato, inequívoco, que a morte finaliza a vida e, portanto, sendo capaz de ato tão expressivo - o de colocar limite em algo tão esplêndido e privilegiado - dê à vida seu verdadeiro valor, seu verdadeiro sentido, sua verdadeira verdade. É de pensar, sempre que alguém se vai, para qual lugar se vai depois de consumada a morte. Que lugar é esse? É irremediável acrescentar algo mais a esse pensamento momentâneo da perda, que dê mais significado a algo que já é tão significante: a vida. Em uma primeira análise, sem incorporações filosóficas profundas, "ir para um bom lugar" traz duas possibilidades, não excludentes. A primeira é uma espécie de recompensa pela vida vivida sob a égide do bem; a segunda, não tão graciosa, coloca sobre a vida vivida uma espécie de peso, como se o...

8 anos...

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Oi filha! 8 anos... Ainda existe o sentimento de ausência, aquela drummondiana (falei dela ano passado), impregnada na alma, sem chances de mudança. Não causa tristeza, mas saudades sim, imensas e de tudo! Soa repetitivo (também falei disso algumas vezes), eu sei, mas sua falta é sentida todos os dias, repetidamente, insistentemente! Os sentimentos também, que posso fazer... "As pálpebras limpam os olhos de poeiras.  Que pálpebras limpam as poeiras do coração?"  MIA COUTO traduz com exatidão aquilo que se passa em mim depois de 8 anos... Tem dias, muitos dias, sabe filha, que ainda não acredito ou não quero acreditar... E, confesso, me revolto! Revolta silenciosa, que aos poucos se abranda, restando, como consolo, imaginar como seria ter você por perto, fisicamente. Deste sonho emana sempre coisas belas: um belo passeio em um lugar novo (sempre gostamos), sua relação com sua filha (cada dia mais parecida com você), você brava com algum exagero meu (como sempre), o cuidado ...

Sala 60

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Todo ano o fato se repete... Mesmo assim, a cada ano - a cada instante na verdade - são muitas as novidades! É preciso ter olhos que veem para vê-las e separar o essencial, como ensinou Alberto Caeiro :  “O essencial é saber ver. Mas isso exige um estudo profundo, uma aprendizagem de desaprender. Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos..." . Aquilo que elegemos como essencial constrói nossa alma! Demorei entrar, embora sempre estivesse a caminho... Não relutei, mas me dei o tanto de tempo que me foi solicitado esperar, nem mais nem menos. A porta de entrada, verde, mais larga e menos robusta que da última vez, se abriu lentamente, como lenta foi a subida da escadaria até ela. Rangeu um pouco, verdade, e a luz, que atrevida entrou primeiro, fez se mostrarem os detalhes daquele grande cômodo... Algo como uma sala enorme, com janelas em todas as paredes,  sempre abertas, sempre per...

A gente precisa se ver mais

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É compreensível que o tempo mude as coisas... " Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia... ", já disseram os poetas  Lulu Santos/Nelson Motta . Está certo... Mas algumas coisas não obedecem a essa regra, não mudam.  São aqueles apresentadas à nossa alma no início da sua formação, lá pelos tempos da infância. E como são vigorosos os conceitos adquiridos lá... Duram a vida inteira, não tenho dúvidas. A amizade é prova incontestável deste fato. Depois de mais de 40 anos, na média, um grupo infanto-juvenil se reuniu através da modernidade tecnológica. Faço parte desse grupo... E revendo as conversas, não são pessoas de 60 anos conversando; são, sim, jovens de 16-17 anos batendo papos de tempos idos. Claro, falamos de assuntos de agora, mas somos amigos da infância, da juventude, se curtindo depois de 40 anos de ausências. Imaginem a alegria que é... Sendo sincero ao extremo, não exercitamos a amizade nestes 40 anos que nos separaram fisicamente, não nos moldes nor...