Memória branca
"Mas em que pensava eu antes de me perder a ver? Não sei. Vontade? Esforço? Vida? Com um grande avanço de luz sente-se que o céu é já quase todo azul. Mas não há sossego — ah, nem o haverá nunca! — no fundo do meu coração, poço velho ao fim da quinta vendida, memória de infância fechada a pó no sótão da casa alheia. Não há sossego — e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter..." Fernando Pessoa
E foi na forma de uma imagem o fato provocativo que tirou da escuridão, lá do fundo da memória, da minha alma, uma lembrança há muito esquecida. Por muitos anos meu pai foi agricultor, lá pela década de 70, século passado. Tempo faz... Me recordo, por exemplo, da brancura das lavouras de algodão que ele caprichosamente cultivava! Morando por vários anos no cerrado mineiro, fazia tempo que não via uma dessas lavouras e ocorreu-me esses dias de uma delas florescer aos meus olhos! Vieram as lembranças e resolvi, então, compartilhar. Creio que para muitos também será um resgate. Tempo faz...
É isso. Junto vieram outras lembranças. Por exemplo, o amarelo das flores dos amendoinzeiros. Faz tempo que não o vejo. Olhos atentos, estou à caça! Saudades das lavouras de meu pai! E dele!
"Hoje, quando relembro isto, vêm-me saudades de mais coisas do que isto tudo. Morreu em mim mais do que o meu passado." Fernando Pessoa
Fotos: plantação de algodão, BR365 , Ago/22


Boas lembranças!
ResponderExcluirUauuuu!!! Acho linda a plantação de algodão! Há muuuitos anos não a vejo! Ela tb está na minha memória de infância...nas férias, qdo vínhamos para o meu avô, existia muitas fazendas com algodão! Achava linnndo!!
ResponderExcluirLucimara
ExcluirAinda bem que te sobra sensibilidade para dividir com seus robustos textos essas experiências que caras pra você de torna deleite para nós! Parabéns pelo texto
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