Talvez Ouro Preto...
Relendo dias atrás alguns poemas de Fernando Pessoa , no livro Cancioneiro , encontrei este, dedicado certamente a um amor não correspondido. Mas fiquei com a impressão de que poderia ser um amor por um lugar, lembrado ao fim de uma tarde qualquer... Para o poeta não sei que lugar seria; para mim talvez Ouro Preto... Deve ser saudade da terra amada e do tempo amado! [No ouro sem fim da tarde morta] No ouro sem fim da tarde morta, Na poeira de ouro sem lugar Da tarde que me passa à porta Para não parar, No silêncio dourado ainda Dos arvoredos verde fim, Recordo. Eras antiga e linda E estás em mim... Tua memória há sem que houvesses, Teu gesto, sem que fosses alguém, Como uma brisa me estremeces E eu choro um bem... Perdi-te. Não te tive. A hora É suave para a minha dor. Deixa meu ser que rememora Sentir o amor, Ainda que amar seja um receio, Uma lembrança falsa e vã,...