Colecionadores de ausências
Pouco a dizer!
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Talvez este seja o grande problema dos humanos: nos valorizamos em demasia frente à natureza. Somos frágil, somos pó. E se do pó viemos, a ele voltaremos! Nada bíblico, apenas uma constatação irrefutável. Quando e onde ocorreu algo diferente disso? Depois da morte, ficam, por algum tempo, as lembranças boas de quem partiu! E elas devem nos confortar completamente! Sentimos saudades, somos colecionadores de ausências! É o preço da existência!
Do pó ao pó
Que se cumpra, ao final de cada jornada,
Quando o entardecer ficar permanente,
A ordem última expressa pela vida...
Que tudo tornado de novo imóvel,
Ainda que se tenha vivido intensamente,
Faça restar nas memórias só alegrias!
Que dessas memórias, feito ressurreição,
Sem ordens além daquelas da natureza,
Nasçam outras vidas com outras almas...
Que no reencontro com a bendita eternidade,
Com olhos marejados de gratidão por tudo,
Se reconheça o não haver fim nem começo!
...FOTO...
Monte de calcário pronto para ser esparramado no solo para melhorar a qualidade da pastagem. Fazenda São João, Uberlândia/MG, Out/20.
P.S.: E imaginar que nossa parte sólida é 97% compatível com esse produto! Puro pó...
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