Talvez Ouro Preto...
Relendo dias atrás alguns poemas de Fernando Pessoa, no livro Cancioneiro, encontrei este, dedicado certamente a um amor não correspondido. Mas fiquei com a impressão de que poderia ser um amor por um lugar, lembrado ao fim de uma tarde qualquer... Para o poeta não sei que lugar seria; para mim talvez Ouro Preto... Deve ser saudade da terra amada e do tempo amado!
No ouro sem fim da tarde morta,
Na poeira de ouro sem lugar
Da tarde que me passa à porta
Para não parar,
No silêncio dourado ainda
Dos arvoredos verde fim,
Recordo. Eras antiga e linda
E estás em mim...
Tua memória há sem que houvesses,
Teu gesto, sem que fosses alguém,
Como uma brisa me estremeces
E eu choro um bem...
Perdi-te. Não te tive. A hora
É suave para a minha dor.
Deixa meu ser que rememora
Sentir o amor,
Ainda que amar seja um receio,
Uma lembrança falsa e vã,
E a noite deste vago anseio
Não tenha manhã.
... Foto...
Ouro Preto. Jan/2018. Foto feita em 35mm depois revelada e escaneada!
P.S.: Os arvoredos? Busquei aqueles em que descansava após o almoço ao redor do Degeo!
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