Minha Lara, Hoje o calendário insiste em me lembrar: dez anos. Dez anos desde que o mundo ficou mais silencioso e meu peito mais apertado. Mas, aqui dentro, você nunca partiu. Você caminha comigo nos dias claros e se senta ao meu lado nos dias escuros. É como se a vida tivesse criado um fio invisível entre nós, e por ele envio todos os dias a minha voz, o meu amor, o meu abraço. Lembro-me do seu riso, que era como água correndo em pedra limpa — leve, livre, impossível de segurar. Guardo a sua voz como quem guarda um segredo precioso, daqueles que a gente só compartilha com a alma. E às vezes, quando o vento bate de um jeito especial, eu quase consigo ouvir você me chamando, certo de que “as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”, como disse Drummond. O tempo, filha, é um professor estranho. Não me ensinou a esquecer, nem quero que ensine. Ele apenas me mostrou como viver com essa saudade que é mais companheira que inimiga. Ela se senta comigo à mesa, me acorda...
❤️❤️❤️
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