O café esfriou
"Cessa a chuva, e dela fica, um momento, uma poalha de diamantes mínimos, como se, no alto, qualquer coisa como uma grande toalha se sacudisse azulmente dessas migalhinhas. " ( Fernando Pessoa ) Depois de uma chuva noturna, mansa, acordei mais cedo que o normal... Madrugada ainda e o corpo se recusou a ficar na cama, tudo escuro lá fora. Me coloquei de pé e fui à cozinha. Cafeteira ao fogo, aguardei. Uma porção de café, gotas de leite e outras de adoçante. Xícara na mão, me dirigi para a sacada e, cotovelos no parapeito, fiquei a observar o que mal se via. Paisagem urbana: ruas desertas pouco iluminadas e prédios semi-escondidos na escuridão com raras luzes mostrando que eu não estava só. Ainda se via alguns " diamantes " de chuva na contra-luz dos postes... Respirei profundamente um ar fresco, umedecido pela chuva da noite que estava se exaurindo, e fiquei observando. Pouco a pouco a magia foi se fazendo presente. A luz da manhã, inicialmente tímida, co...