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Mostrando postagens de 2022

Janelas

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Demoro  a fechar janelas  porque me dói a vida  entre dentro e fora.  Meu gesto lento,  sem antes nem depois,  desconhece se abre ou se fecha  a janela de uma outra janela.  Sem longe nem perto,  entre sombra e além,  na casa onde meu corpo começa,  sou eu mesmo a terra que contemplo.  Depois do vidro,  perdida da sua própria imagem,  a paisagem ainda mora toda em mim.  E eu, já, nela. (MIA COUTO)

Emerson, 1836

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Para falar verdadeiramente, poucas pessoas adultas são capazes de ver a natureza. A maioria das pessoas não vê o sol. Pelo menos elas têm uma visão muito superficial. O sol ilumina apenas o olho do homem, mas brilha para os olhos e para o coração da criança. O amante da natureza é aquele cujos sentidos internos e externos ainda estão verdadeiramente ajustados uns aos outros; que reteve o espírito da infância até mesmo na idade adulta. Ralph Waldo Emerson, 1836, in Natureza

Os muros

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Em uma dessas tardes iluminadas do início da primavera, sol ainda quente, caminhava rotineira e tranquilamente com meu cachorro por uma calçada ladeada, em um dos lados, por um muro relativamente alto, branco de colunas azuis, e do outro por algumas árvores plantadas em quadrados junto à rua. Nada se via do outro lado do muro. Ninguém caminhava na calçada além de nós dois; eu e o cachorro, solitários. Um muro... Foi quase instantâneo o que pensei ou passei a pensar sobre o muro. Usado desde a antiguidade, muros tem uma função básica, definitiva: separar ou segregar ou dividir ou proteger ou limitar coisas, animais, pessoas - talvez ideias. Há no mundo muros famosos: de Berlim, das Lamentações e a Muralha da China, uma versão feminina, entre tantos outros... Na sua etimologia, muro significa "cerca", derivação do latim. Dá no mesmo... Mas já disse Manoel de Barros : " Meu fado é de não entender quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades" . Então os p...

Beleza

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Descobrimos a beleza - na extensão mais ampla de seu significado - quando, depois de infinitos olhares dispensados, algo novo se revela com um novo olhar: um novo encanto depois de mil encantos! Assim é, também, com o amor! Foto: Paraíso, Set/22.

Duas opções

Faz algum tempo, adotei a leitura eletrônica de livros. Ou seja, no meu smartphone tem um aplicativo que, por baixo de seu ícone, carrega sem esforço uma centena de livros. É uma prateleira respeitável, para mim. Não tem aquele cheiro delicioso, de novo ou velho dependendo do caso, que se sente quando se abre um livro real: talvez seja um inconveniente. Mas em compensação, não me esforço para ter junto a mim todos aqueles exemplares que gosto ou que quero em um dado momento, como em uma viagem ou uns dias de férias, por exemplo. Por isso não sou extremista: tenho muitos livros físicos e outros tantos digitais. Entre as páginas dos livros físicos, daqueles que já li e possuo, por vezes podem ser encontradas anotações diretas para um determinado parágrafo ou palavra. Às vezes, também, podem ser encontrados pequenos bilhetes com anotações, comentários ou interpretações, que fiz no momento da leitura. Por isso, egoísmo à parte, tenho sempre receio e cuidado ao emprestar livros. Vão junto d...